Com trégua na chuva, moradores do Passo das Tropas reconstroem o que restou das casas

Thais Immig

Fotos: Marlon Borba

No Bairro Passo das Tropas, o sol veio acompanhado de reconstrução. Nesta segunda-feira (6), com a trégua na chuva, moradores se mobilizavam para limpar o que restou das casas e retirar móveis estragados ou montes de terras que se transformaram em entulhos. As fortes chuvas na região fizeram com que famílias saíssem do local em que residem após a água atingir mais de um metro de altura.


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Angelita Falcão Machado, 48 anos, foi uma das pessoas que perdeu tudo. Ela conta que na última terça-feira, a chuva fez com que a água subisse muito rápido, impedindo que a família salvasse móveis e outros objetos da casa. Angelita saiu com a netinha e contou que o marido e a filha, que moram com ela no local, quase não conseguiram resgate por conta da forte correnteza, que impedia o acesso dos barcos. Essa foi a segunda vez que a água invadiu a casa onde mora. Na primeira, atingiu a altura do tornozelo. Desta vez, a água atingiu mais de um metro e meio e chegaram na altura da janela:

– Foi uma coisa tão rápida, uma água que veio do nada. Começou a encher, encher, encher…Só deu tempo de erguer as poucas coisas que conseguimos e mesmo assim, com a força da água, tombou. Aí os vizinhos também começaram a se desesperar porque a água começou a entrar. Quem tinha carro aqui na rua perdeu. Assim, era um filme de terror.

Por conta das chuvas e da lama, o piso acabou cedendo

Por conta das chuvas e da lama que invadiu o local, o piso acabou cedendo e, por isso, Angelita precisou procurar outro lugar para ficar. Nesta segunda-feira (6), ela e a família voltaram ao Passo das Tropas para avaliar as perdas e auxiliar os moradores na limpeza das casas.

Angelita e a famíla começam a avaliar as perdas e limpar o local


“Eu perdi tudo dentro de casa, não sobrou nada”

O dia também foi de reconstrução para o agente de monitoramento Henrique Borba Maciel, 31 anos. A limpeza tem sido feita aos poucos, já que o bairro segue sem água e energia elétrica. Ele, a esposa e as duas filhas saíram de casa apenas com os documentos e algumas roupas porque a água invadiu rapidamente a Rua Augusto Kuns, onde residem. 

– A minha esposa recebeu o alerta vermelho em um grupo de escola e, nesse momento, eu olhei para a  rua e a água já estava subindo. Daí pegamos as crianças e passamos elas por cima do muro do vizinho que me ajudou. Foi quando eu e minha esposa voltamos para pegar os documentos e meu cachorro. Quando vimos, já não tinha mais como sair daqui. Daí subi no prédio de um vizinho e foi quando vi uma cena de terror: moradores desesperados, idosos no telhado não querendo sair, cachorro e gatos se afogando… Uma cena de filme mesmo.

Na casa do Henrique, a água chegou a mais de um metro de altura

Henrique conta que ele e a esposa foram resgatados de barco. Quando viu que as filhas estavam em segurança resolveu ajudar. Ele auxiliou no resgate dos vizinhos e também salvou inúmeros animais de estimação que estavam sendo levados pela correnteza.

Eu perdi tudo dentro de casa, não sobrou nada. Mas me conforta ver toda essa solidariedade. Amigos e pessoas que eu nem conheço, ajudando na limpeza e oferecendo lanche. É uma corrente enorme, fora do sério – afirma Henrique. 


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